Mais sobre o ProZ

De 21 a 23 de setembro, aconteceu no Rio a IV Conferência Brasileira de Tradutores do ProZ.com. Foi a terceira edição de que participei e, sem dúvida, a melhor. Com excelente organização de Raquel Lucas e Jù Chaad (que se conheceram na edição do ano passado), o evento contou com ótimas e diversificadas palestras, casa cheia e local bastante agradável – o clube Casa de Espanha. Uma grande oportunidade de aprender, rever amigos, estreitar os laços com outros que eu não encontrava havia tempo e fazer novas amizades e contatos. Foi também o meu primeiro evento como profissional da área de tradução em tempo integral, desde que mudei para a Biblioteca da empresa em que trabalho, como contei na última coluna.
Vou falar aqui um pouco sobre as palestras que vi.
Tradutor iniciante: que herói você quer ser? – com Lorena Leandro
Lorena abordou, de maneira lúdica e divertida, as principais características que o tradutor iniciante deve ter para crescer na profissão, como estar sempre disposto a aprender e a colaborar, saber agarrar as oportunidades, ser ágil e estar sempre atento ao mercado, ser flexível e saber marcar presença. Entre as ideias apresentadas por ela, uma em especial me chamou a atenção: a distinção entre inexperiência e amadorismo, ou seja, a noção de que o tradutor iniciante, ou mesmo o aspirante a tradutor, já é um profissional e, portanto, deve agir como tal.
A tradução na tecnologia da informação – Oportunidades e desafios para iniciantes – com Daniel Bonatti
Bonatti falou sobre as características do mercado e as diversas vantagens da tradução de TI como área de especialização, também com foco naqueles que estão iniciando a carreira. Entre essas vantagens, a abrangência do campo; o fato de os trabalhos serem em grande parte destinados à informação e, portanto, muitas vezes descartáveis; a simplicidade dos textos, que possibilita uma produtividade maior; e o crescimento constante do setor, que não se deixou abalar pela crise financeira.
A história de um glossário – com Ivo Korytowski
Famoso por seu riquíssimo glossário no Babylon, Ivo contou como ele surgiu, a partir de simples anotações manuais, até descobrir que era possível compartilhá-lo no site.
Mercado de legendagem: como entrar e ficar – com Fabiana Barúqui
Como recentemente fiz o curso de legendagem e pretendo me lançar na área, fui particularmente interessado no tema. Entre outras questões, Fabiana ressaltou algumas atitudes importantes para o trabalho do legendador, como analisar previamente o material, ter excelente domínio do português, saber pesquisar e ser organizado – que eu creio que valham para os tradutores de qualquer vertente. Achei particularmente interessante a sugestão de incorporar o personagem e divertir-se. Afinal, o trabalho de todo tradutor não é interpretar?
Quem procura acha: técnicas de pesquisa em tradução – com Clarissa Soares
Utilíssima palestra que, sem esquecer os indispensáveis e velhos conhecidos dicionários e especialistas, ensinou vários macetes para refinar as pesquisas naquele que hoje é o melhor amigo de qualquer tradutor: o Google. Você sabia que é possível até pesquisar imagens por predominância de cor?
Da Capa à Contracapa – Uma viagem maravilhosa (mas por vezes assustadora) ao mundo da tradução dos Manuais Técnicos – com João Roque Dias
A palestra de João Roque, importado diretamente de Portugal para a conferência, trouxe um vasto raio-X dos manuais técnicos, sua origem (quase sempre obscura), suas finalidades e as agruras por que passamos para traduzi-los. Destacou a necessidade de entender perfeitamente o tema, conhecer a terminologia técnica, ser preciso e claro na tradução, uma vez que o objetivo primordial do manual é passar a informação ao usuário e promover o bom uso do equipamento. No entanto, as dificuldades nem sempre estão na terminologia, mas na linguagem e no estilo.
A tradução literária: um breve panorama das técnicas e do mercado – com Guilherme Braga
Guilherme discorreu sobre a tradução literária com um viés altamente teórico, enfatizando a preocupação artística com a forma, mesmo que em detrimento da tradução literal. Falou também sobre o mercado editorial, em especial sobre a muitas vezes delicada relação entre tradutor e revisor. Admirou-me a determinação com que Guilherme defende seus pontos de vista e suas escolhas profissionais. Se todos tivéssemos essa atitude, quem sabe nosso estresse não seria um pouquinho menor?
No fim, uma mesa-redonda com Renato Beninatto, João Roque Dias e Xosé Castro discutiu os rumos da tradução e os papéis do mercado e da academia E ficaram no ar aquela sensação de que estamos caminhando para a frente e aquela ansiedade para que chegue logo a edição 2013!
Até Recife!
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