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Rotina de trabalho: organização para uma tradução de qualidade

Não raro ficamos tão preocupados com a qualidade da nossa tradução que concentramos toda nossa energia apenas no ato de traduzir. Com isso, acabamos esquecendo  que um projeto vai muito além da tradução propriamente dita.

A verdade é que o bom resultado de um projeto depende não somente de como traduzimos o texto ou de quantas vezes o revisamos, mas também da nossa rotina de trabalho como um todo. Quando sentamos para trabalhar, é necessário fazer uma preparação antes de começar a traduzir de fato. Sem essa organização prévia ficamos mais suscetíveis a cometer erros e a perder mais tempo do que deveríamos. E isso, é lógico, compromete a qualidade final do serviço.

Para que você possa garantir uma tradução bem feita e não se desgastar por mera desorganização, veja abaixo alguns procedimentos importantes que você pode seguir antes de colocar a mão na massa.

Abra uma pasta para o projeto

Tenha sempre um lugar específico para os seus projetos, onde você possa encontrar/salvar rapidamente os arquivos relacionados ao job. Costumo subdividir minhas pastas da seguinte maneira:

Nome do cliente > Ano > Mês > Nome do projeto [incluir subpastas aqui se necessário, por exemplo: Referências, TM, Glossários]

Leia atentamente o e-mail do cliente

Leia tudo sem pressa e salve as informações mais importantes. Para isso, costumo usar o Evernote (aguardem um post só sobre ele!), onde abro uma nota específica para cada job e reúno todas as instruções do cliente. Deixo essa nota aberta durante o projeto, para poder consultar sempre que necessário. O bom do Evernote é que não é preciso estar online ou com o navegador aberto para ter acesso às notas. E eu uso a versão gratuita mesmo.

Salve os arquivos

Baixe e verifique todos os arquivos enviados para ver se estão todos corretos. Se for usar uma ferramenta CAT, dê uma olhada em tags, segmentações, contagem de palavras, TM, glossários, etc.  Quanto antes você fizer isso melhor, pois se houver algum arquivo com problema, logo o cliente poderá lhe passar a versão correta, não comprometendo o seu prazo ou o dele.

Organize as referências do projeto

Abra, salve ou deixe acessível os arquivos e links que precisará consultar ao longo do job: glossários, guias de estilo, documentos para referência visual, etc.

Leia rapidamente o texto

Você provavelmente fez isso quando o cliente o consultou pela primeira vez. Agora, antes de começar a traduzir, dê uma nova passada de olho para sentir o tom e manter o padrão do texto desde o começo.

Consulte o guia de estilo

Eu sempre costumo abrir o guia de estilo enviado pelo cliente e dar uma lida rápida antes de começar a traduzir. Sempre tem uma ou outra instrução especial para seguir e é mais seguro tomar conhecimento delas desde o início. Depois, vou consultando o guia quando preciso ou quando bate alguma dúvida.

Tire as primeiras dúvidas

Muitas vezes, depois da primeira passada de olho no original, surge alguma questão sobre terminologia, padronização, público-alvo ou algum outro aspecto importante para a tradução. Se essas questões não estiverem inseridas nas instruções ou materiais enviados pelo cliente, aproveite para tirá-las antes de começar a trabalhar.

Reserve um lugar para anotações

No computador ou na sua mesa de trabalho, deixe disponível um lugar para registrar dúvidas durante o projeto. Assim, fica mais fácil reunir tudo para enviar um e-mail completo ao cliente (em vez de enviar vários e-mails e lotar a caixa de entrada dele) ou manter a padronização do projeto.

Ative o modo de produtividade

Deixe preparados recursos/ferramentas/programas que ajudem você a ser produtivo e manter a concentração.

Não se esqueça também de:

– Fechar todas as janelas, pastas e arquivos que não sejam necessários para o projeto
– Deixar por perto seus dicionários/glossários em papel preferidos
– Ativar os recursos de backup para não perder o trabalho todo ou parte dele
– Rever o cronograma e replanejar tarefas se necessário
– Livrar-se de distrações e deixar o ambiente agradável para trabalhar
– Se for ficar muitas horas trabalhando, já deixe um copo de água/suco/chá e um lanchinho à mão

Agora, sim, mãos à obra!

De generalista a especialista: o que há no meio do caminho?

Vocês já devem ter visto que a programação do VI Congresso Internacional de Tradução e Interpretação da Abrates saiu esta semana, não é? E eu estarei lá para batermos um papo sobre especialização!
Estou levando um pouco da minha bagagem profissional e um material muito bacana para ajudar você a identificar oportunidades de especialização e poder trilhar o melhor caminho para se tornar um bom especialista e um profissional bem sucedido.
Nos vemos lá? 🙂
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De generalista a especialista: o que há no meio do caminho? 
Uma perspectiva para o tradutor principiante

 
Após a conquista de ter entrado efetivamente no mercado de tradução, outro grande desafio se apresenta ao tradutor em início de carreira: como encontrar um nicho de especialização? A busca incessante por bons serviços e clientes, típica dessa fase, o transforma em um grande generalista, que lida com textos dos mais variados setores, mas dificilmente se aprofunda em algum.
 
É normal que para o iniciante as oportunidades de especialização nem sempre se mostrem claras. Sem conseguir identificá-las, ele não sabe quais ações tomar rumo à carreira como tradutor especializado. “Engessado” por essa dificuldade, os primeiros passos resultam em esforços muitas vezes desnecessários e atrapalham a decisão por uma área de atuação adequada. Isso pode levar a baixa qualificação, dificuldade em prospectar clientes melhores (e, consequentemente, elevar o patamar de preços), problemas em estruturar a rotina de trabalho e financeira, frustração com a profissão em geral e até abandono da atividade.
 
A ideia é mostrar a você, iniciante, como identificar oportunidades de especialização e o caminho para se tornar um bom especialista, unindo minhas experiências pessoais e profissionais com soluções, insights e dicas práticas que poderão facilitar esse processo.

Dizer “não” é importante. Não dizer, também.

Um dos principais conselhos que os tradutores experientes dão aos inciantes é saber dizer “não”. Realmente, é essencial diferenciar boas oportunidades de possíveis ciladas. É preciso coragem para negar uma oferta de trabalho que, a princípio, parece boa. Há de se avaliar e colocar na balança as vantagens e desvantagens do serviço e verificar se, apesar de parecer um trabalho interessante, ele poderá minar outras parcerias que compensarão mais financeira ou intelectualmente. Ao mesmo tempo, existem horas em que o “não” pode ser inconveniente e ter consequências ruins para a carreira em curto, médio ou longo prazo. É aquele “não” simplesmente dito na hora errada, por falta de experiência ou visão.

Veja abaixo em que casos um “não” pode impulsionar sua carreira ou fazer você dar dois passos para trás.

DIGA NÃO para:

– Exploração. Quando você recusa uma oferta que demanda muitas horas de trabalho e remunera pouco, ou quando não aceita condições aviltantes, está abrindo caminho para trabalhos melhores. Eles podem demorar para chegar, mas chegarão, e você poderá aceitar porque não estará ocupado com clientes que desmerecem seu esforço.

– Trabalho dobrado. Quando você entende qual a sua parte do trabalho e sabe que, se ultrapassar essa linha, estará abrindo um precedente perigoso, evita trabalhar a mais sem ganhar por isso ou ter que consertar o mau serviço que outros fizeram, coisas que realmente não compensam fazer.

– Más práticas para o setor. Tem muita gente mal intencionada querendo passar por cima das boas práticas do setor. Recusar tipos de serviço ou atividades que, no geral, costumam ser prejudiciais à categoria de tradutores como um todo é muito importante para desencorajar outros a fazerem o mesmo.

– Clientes ruins. Pode ser um mau pagador, ou um cliente inflexível, ou um cliente simpático mas que não aceita seus reajustes. Substituir clientes serve também para fazer o cliente entender que qualidade é importante, assim como uma negociação justa.

– Quebra da ética profissional. Piratear programas, passar por cima de direitos autorais, quebrar acordo de confidencialidade, falar mal de clientes ou colegas, repassar trabalho sem autorização, assinar sem ter feito o trabalho. As notícias correm rápido e se você aceitar quebrar a ética em qualquer situação, pode se queimar com muitos parceiros e clientes. Além, claro, de ter que lidar com o peso na consciência.

– Traição de princípios pessoais. Pense bem antes de trabalhar com um texto ou participar de um projeto cujo teor lhe cause mal-estar só porque o dinheiro é bom. Isso fecha portas porque enquanto você está fazendo algo que fere suas crenças, poderia estar investindo em trabalhos que agregariam muito mais ao seu currículo e à sua trajetória pessoal e profissional.

NÃO DIGA NÃO para:

– Avanço. Novas ferramentas e tecnologias estão a serviço do tradutor, e não contra.

– Ousadia na medida certa. Todo tradutor passa por um momento em que precisa decidir se vai o não virar o jogo. Para conseguir novas oportunidades, é preciso ousar na hora certa e não ter medo de mudanças.

– Flexibilidade. O bom profissional está sempre testando um jeito diferente de fazer a mesma coisa, um modo mais eficaz de produzir e entregar um trabalho de qualidade. Não fique inerte e, sempre que puder, atualize seu modus operandi.

– Diálogo. Seja por medo ou por orgulho, muitos tradutores acham que tirar dúvidas é sinal de fraqueza. Não é. Muitas vezes, fazer uma simples pergunta pode esclarecer o que o cliente espera de você e evitar muito dor de cabeça no futuro.

– As necessidades do cliente. Se dois tradutores são muito competentes, mas apenas um deles é colaborativo, é este último que conquistará o cliente.

– Educação do cliente. Clientes, em especial os diretos, não são obrigados a entender nosso universo. Muitas vezes, o que consideramos ser uma proposta indecente, é apenas falta de conhecimento por parte do cliente. Não hesite em ajudá-lo a compreender como trabalhamos e o que seria melhor para ambas as partes.

– Honestidade com o cliente. Não é vergonha nenhuma dizer que não sabe mexer em uma ferramenta, ou que nunca fez o tipo de trabalho que o cliente está querendo de você. Pelo contrário, é uma excelente oportunidade de se mostrar proativo e de lidar com novas situações que aumentarão seu conhecimento e experiência. Disto podem surgir até novas áreas de atuação.

– Aprendizado com o cliente. Muitas agências e até mesmo clientes diretos se mostram bastante dispostos em apontar caminhos e soluções que facilitam nosso trabalho. Não ser arrogante e se mostrar aberto a sugestões e esclarecimentos é carta na manga de quem quer formar uma parceria duradoura com o cliente.

– Aprendizado com os colegas. Tradutores com muitos anos de trabalho e experiência estão por aí, nas redes sociais e nos eventos, aconselhando e repassando conhecimento aos mais novos. É claro que é preciso separar o joio do trigo, pois nem todo conselho é útil, correto ou se aplica a você, mas deixe de lado a birra “iniciantes x veteranos” e beba da fonte sempre que possível.

– Trabalho em equipe. Tradutores são seres solitários? Nem sempre. Ou melhor, quase nunca. Em um projeto, precisamos lidar com clientes, gerentes de projeto, revisores, outros tradutores que trabalham no mesmo projeto etc.. Ter espírito de cooperação e saber lidar com opiniões diferentes é a chave para conseguir boas indicações e, consequentemente, outros bons trabalhos.

Tradutor, quando não trabalha… trabalha!

Para quem está de fora, muitas vezes é difícil entender o que a gente faz. Pior ainda quando a gente diz que está trabalhando, mas não traduzindo.

Não só as pessoas de fora ficam espantadas. Muitos aspirantes a tradutor e iniciantes na área também ficam, talvez pela tendência de se romantizar a profissão nessa etapa da vida. Mas quanto mais cedo entendermos sobre todas as nuances da profissão, que não ficam de modo algum restritas ao ato de traduzir, melhor.

Afinal, o que fazemos quando não estamos traduzindo?

Administração

Textos para traduzir não caem no nosso colo de uma hora para outra. É preciso fazer captação de clientes, enviar currículos, fazer testes para agências, conversar com colegas para formar possíveis parcerias, estudar o mercado e identificar boas áreas de atuação/especialização etc..

É um erro achar que isso não faz parte do trabalho, que é algo que a gente só faz quando tem um tempinho livre. Não. É preciso incluir todas essas atividades no período de trabalho, por isso é muito importante saber gerenciar o tempo que usamos para traduzir e o que usamos para administrar a vida profissional.

Recursos

São muitas as ferramentas que o tradutor têm à disposição e são muitas as práticas existentes para facilitar o ato de traduzir. Só que é preciso conhecer as ferramentas e implementar as práticas para que elas possam ser usadas na hora de colocar a mão na massa.

Para isso, é preciso disposição e, acima de tudo, tempo. Só que esse tempo precisa ser de trabalho, porque aprender a mexer em novas ferramentas (por exemplo, CATs) ou implementar práticas (por exemplo, criar e padronizar glossários, alimentar as CATs com esses glossários etc.) não são tarefas que levam apenas cinco minutinhos.

Pesquisa

Para quem é especializado, não importa em que área, pesquisar nunca é demais. Às vezes, quando estamos traduzindo, perdemos um tempo valioso buscando terminologia, conceitos, referências. Seria mais fácil se já tivéssemos pelo menos alguns links e arquivos separados antes de começar a traduzir.

É possível fazer isso quando temos um intervalo entre um serviço e outro. Usar o tempo de trabalho faz diferença, porque se deixarmos para fazer em qualquer outra horinha vaga, dificilmente faremos mesmo.

Socialização

Se houve um tempo em que tradutor era um ser isolado, esse tempo acabou na mesma hora em que criaram a internet e os eventos para tradutores! Com a dinamicidade do mercado de trabalho atual e com todas as novas tecnologias, o tradutor é convidado a trocar ideias e experiências com os colegas a todo momento.

É dessa troca que surgem excelentes oportunidades de trabalho. Não é mais possível, portanto, deixar de investir tempo para participar de fóruns, grupos e listas de discussões; para viajar e assistir a congressos; para fazer cursos e tantas outras coisas que nos aproximam de outros profissionais. Há a parte divertida da coisa, lógico, mas isso também é trabalho.

Diversificação

A profissão nos traz muitas exigências, mas também há coisas que fazemos por que simplesmente gostamos ou queremos enriquecer o setor. Por exemplo, escrever um blog, colaborar com iniciativas como a TradWiki, dar palestras, consultorias e aulas online etc..

Algumas dessas atividades podem ser remuneradas, outras não. Mas são igualmente importantes e demandam dedicação e esforço. É trabalho, sim!

Medo de ser tradutor? Tem cura!

Depois que contei sobre como virei tradutora lá no Multitude e de como, inicialmente, tive medo de me atirar na profissão, algumas pessoas me perguntaram: como perder esse medo?

É natural que o recém-formado ou novato na profissão sinta insegurança. Mas há alguns modos de lidar com ela e tomar coragem para investir na vida de tradutor. Confira abaixo:

1) Entenda o mercado e o ofício de tradução

Não saber direito como funciona o mercado ou o cotidiano da tradução é a fonte da maioria dos medos do tradutor novato. Como ele vai saber o que esperar e como agir se não conhece os meandros da profissão?

Pesquise e leia muito sobre o que faz parte do mundo tradutório: como trabalha um tradutor, regime CLT e autônomo,  valores cobrados, produtividade e ergonomia, tipos de clientes/pagamentos, tipos e formatos de serviço, exigências e qualificações e por aí vai. Não deixe nada de fora.

2) Identifique seu medo

De que, exatamente, você tem medo? De não saber traduzir com qualidade? De ser seu próprio patrão? De não ter disciplina com o dinheiro? De negociar com clientes? Uma mistura de tudo isso?

Todos nós temos pontos fracos. Além de identificar o que mais aflige você, procure perceber  também em quais dessas áreas você teria mais dificuldade, para atacá-las primeiro.

Além disso, faça uma análise mais fria: seus medos têm fundamento real? Ter insegurança é normal em todo começo de carreira e algumas delas são perfeitamente contornáveis. Saiba diferenciar uma simples insegurança de uma dificuldade real. Ter dificuldades em determinadas áreas não significa que você não serve para ser tradutor. Quer dizer apenas que precisará preencher as lacunas que se apresentarem no início.

3) Prepare-se

Para preencher essas lacunas e se sentir realmente preparado para o mundo real da tradução, é preciso a) se informar e/ou b) se aperfeiçoar.

Se você tem dificuldades em entender como é ser um profissional autônomo, por exemplo, pode ler blogs de tradutores que falam sobre isso, consultar sites como o do Sebrae, conversar com um contador, falar com administradores e donos de negócios próprios que você conheça e por aí vai.

Se você sente que ainda precisa aperfeiçoar a língua com a qual vai trabalhar, inscreva-se num curso ou estude sozinho, leia muito, pesquise. Hoje o que não falta é material disponível!

4) Saia da bolha

Ler, pesquisar, se informar… Tudo isso é essencial, mas pode não ser o suficiente para se ter noção da realidade do mercado. Para ter uma ideia mais fundamentada sobre o cotidiano de trabalho do tradutor, só mesmo conversando com outros tradutores.

Participe de grupos e listas de discussão, converse e tire dúvidas com tradutores mais experientes, compareça a eventos, mostre-se interessado. É nesse momento, quando se aproxima dos colegas tradutores, que você deixa de ter uma visão romântica da profissão e passa a encará-la como uma verdadeira ocupação. E, consequentemente, perde medos oriundos da simples falta de informação.

Além disso, conversar com quem já está inserido no mercado ajuda a entender a ética da profissão, os principais problemas que os tradutores enfrentam, as melhores práticas do mercado, de quais ferramentas precisa um tradutor etc..

Atire-se!

Aonde nossas pesquisas estão nos levando?

Hoje gostaria de comentar sobre um assunto que nos diz respeito tanto pessoal quanto profissionalmente. É apenas uma breve reflexão que faço e compartilho com vocês. E quero que fiquem à vontade para discutir o tema nos comentários, ok?

Bem, todos nós fazemos pesquisas na internet, sejamos tradutores ou não. No ano passado, vi no TED a pequena apresentação a seguir, de Eli Periser (lembrei dela porque, esses dias, uma amiga minha colocou no Facebook o link para uma entrevista com Periser):

A época em que vi sua palestra no TED, no ano passado, coincidiu com um momento em que estava fazendo muitas pesquisas pessoais sobre assuntos bastante específicos. Eu estava contrariada por só conseguir encontrar os mesmos dados e opiniões sobre assuntos intrinsecamente controversos (ou seja, onde estava a controvérsia?) e sobre os quais tinha conseguido informações importantes que queria confirmar, mas nenhuma pesquisa me mostrava.

No entanto, como estava envolvida com esses assuntos mais pessoais, não parei para pensar em como os resultados de pesquisas, não somente no Google como em outros sites, fazem diferença também para nosso trabalho como tradutores. Afinal (e especialmente para quem trabalha com textos de humanas), as escolhas lexicais são parte fundamental de nosso trabalho, mas algo para o qual nem sempre damos a devida atenção. Porque, claro, não é a toda hora que pensamos o que guia essas nossas escolhas. Por que escolhi a palavra X e não Y? Quanto menos um termo for técnico ou um jargão de determinada área, mais somos responsáveis (sozinhos) por essas decisões.

Qual terá sido o caminho que percorremos para chegar até elas? O quanto os resultados de nossas pesquisas no Google, links do Facebook ou reportagens da grande mídia influenciam o tom da nossa tradução? Percebem como isso envolve uma série de questões? Estamos falando desde o que é considerado ou não politicamente correto, até os assuntos que estão em voga no mundo acadêmico, até as agendas políticas e ideológicas. Tudo o que consumimos diariamente, de certo modo, fica internalizado, e nem sempre filtramos as coisas de modo refletido, deliberado.

Cada vez mais chego à conclusão de que precisamos sair da zona de conforto e começar a fazer pesquisas de verdade. Hoje, as informações chegam até nós e o máximo que fazemos é clicar ou não em um link. Por que não buscar fontes de primeira mão, analisar dados com calma, questionar a veracidade das estatísticas cuspidas, conversar com pessoas que entendem mais sobre o assunto do que nós? Tenho certeza de que se começarmos a fazer isso no âmbito pessoal, muitos dos métodos que adotamos em nossas pesquisas profissionais também mudarão para melhor.

E vocês, o que pensam de tudo isso? Como nós, tradutores, podemos fugir dessas armadilhas?

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