Como foi o V ProZ (II): as palestras

Adote uma mentalidade de transformação digital.
Aja como um transformador digital.
Transforme-se agora!
– Barry Olsen
Às vezes nos acomodamos na vida e, quando ela começa a correr relativamente tranquila, vamos permitindo que ela nos leve, esperando as coisas acontecerem e até esquecendo um pouco os nossos objetivos. Mas há momentos que vêm para nos despertar, mostrar que é hora de jogar a preguiça e as inseguranças para escanteio e tomar aquelas medidas que vínhamos sempre deixando para depois.
Foi o que senti durante a V Conferência Brasileira de Tradutores do ProZ.com – Internacionalização, que rolou no belo hotel Beach Class Suites, em Recife, nos dias 24 e 25 de agosto. Embora já tivesse participado das três edições anteriores e muitos dos temas sejam recorrentes, acho que nenhuma como esta me fez refletir e ver que o “depois” chegou.
Todas as palestras foram de grande relevância, mas vou destacar aquelas que mais me marcaram e que melhor resumem a mensagem que o evento deixou.
O pontapé inicial foi dado por Barry Olsen, que falou sobre as inovações tecnológicas no mundo, enfatizando a importância de nós, tradutores e intérpretes, sabermos surfar essa onda. Ele destacou a velocidade cada vez maior com que a tecnologia tem evoluído – por exemplo, a distância de mais de um século entre a máquina de escrever e o computador pessoal e de apenas três anos entre o iPhone e o iPad – e a importância que ela tem assumido no nosso cotidiano – já existem mais telefones celulares que escovas de dentes no mundo! –, mudando a forma como somos encontrados, como construímos a nossa reputação e como entregamos o nosso trabalho. Quem não acompanhar essas mudanças está destinado a ficar para trás. A certa altura, Barry perguntou à plateia quantos aparelhos móveis cada um tinha consigo no momento. O “campeão” tinha cinco! (Eu, com o meu singelo celular, me senti quase um dinossauro…) A apresentação terminou com as três contundentes exortações que reproduzi na epígrafe deste texto.
Judy Jenner, conhecida pelo seu site e o seu livro The Enterpreneurial Linguist, apresentou uma importante visão do profissional de tradução como empreendedor. Muitas vezes ligados à área de humanas, ter de pensar em coisas como “negócio” e “dinheiro” nos causa um certo medo. Judy mostrou que ser ao mesmo tempo um linguista e um empresário de sucesso não é uma contradição. Mas, para chegar lá, é preciso mudar alguns paradigmas e adquirir conhecimentos de economia e empreendedorismo, saber negociar com os clientes, estar a par do que acontece no nosso ramo de atuação, repensar modelos de trabalho e saber promover a nossa imagem e os nossos serviços – por exemplo, tendo um site próprio, pois, hoje em dia, um negócio que não existe na internet simplesmente não existe.
Esta última regra está em consonância com a palestra da Cris Silva, que infelizmente não pude acompanhar inteira, mas trouxe dicas valiosas sobre como utilizar as mídias sociais a nosso favor, postando informações relevantes para a nossa profissão e demonstrando a nossa competência e seriedade profissional.
Aliás, ainda durante a conferência tive uma pequena amostra do poder da internet, quando colegas com quem eu nunca tivera a oportunidade de falar comentaram que já haviam lido os meus textos aqui no AP ou me visto no Facebook.
Gabriela d’Ávila versou a respeito das seis qualidades de um tradutor de sucesso, ilustradas com frases de grandes ícones culturais: Woody Allen, Papa Francisco, Albert Einstein, Mahatma Gandhi, Walt Disney e Charles Darwin. São elas a disponibilidade – estar sempre atento ao cliente, mesmo que não possa aceitar o trabalho –, a humildade – saber reconhecer os próprios limites –, a curiosidade – buscar constantemente novos conhecimentos –, a integridade, a criatividade e a automotivação – manter-se sempre ativo e em busca de oportunidades e aprimoramento, sem deixar a peteca cair.
No meio de tantas informações e tantas missões a assumir, a palestra da Lorena Leandro surgiu como um alento e um estímulo. Sim, é possível alcançar isso tudo sendo monotarefa! Lorena mostrou os malefícios que querer fazer tudo ao mesmo tempo traz para a produtividade e ensinou que, com organização e concentração, é possível fazer uma coisa de cada vez, obtendo resultados muito melhores.
Como postei na página do evento no Facebook, o grande barato das conferências, além das óbvias vantagens de aprender coisas novas, fazer contatos e encontrar velhos e novos colegas, é a motivação que elas trazem, o poder de dar aquela chacoalhada na nossa cabeça, nos fazer ver o que estamos fazendo certo e errado, sacudir a poeira e buscar a evolução. Mesmo que seja um passinho de cada vez.
Na semana que sucedeu a conferência, pude ver em contatos com outros participantes que esse sentimento não se restringe a mim, com manifestações de entusiasmo, novos blogs sendo criados e frutos sendo colhidos.
Que a colheita seja farta para todos nós!
Tradutor etc.

Há tempos sou adepto do ditado “Deus escreve certo por linhas tortas”, e ultimamente ele parece vir se revelando bastante verdadeiro na minha vida profissional. Até meses atrás, eu tinha um propósito definido. Trabalhando na minha formação original, de psicólogo, penava fazia três anos num emprego que nada tinha a ver comigo e sonhava com o dia em que conseguiria me estabelecer no mercado de tradução e dar o pulo do gato.
Então, saía atirando para todos os lados. Procurava trabalho em todos os cantos, aceitando quase todo tipo de material e qualquer pagamento, com o intuito único de ganhar experiência e acumular clientes. Não foram raras as vezes em que tive de correr contra o tempo e perder algumas horas de sono para poder cumprir prazos (cheguei a passar uma noite em claro na véspera de uma viagem para o exterior terminando um livro, e no dia seguinte fui direto da cama para o aeroporto). Esse sufoco foi até meio contraproducente, já que na maioria das vezes me trazia mais estresse do que retorno profissional e me impedia de mirar o alvo de maneira organizada e objetiva.
Nem esperava que a solução – ou pelo menos o início dela – estivesse lá dentro mesmo. Em meados de 2012, como já contei em colunas anteriores, tive a oportunidade de ser transferido para a Biblioteca da empresa onde trabalho, e não pensei duas vezes para aceitá-la. E a mudança só me fez bem.
Abro parênteses aqui para refletir sobre como essa situação mostra a importância do marketing pessoal. Logo que cheguei à empresa, apesar de ter entrado como psicólogo e designado a trabalhar no RH, tratei de deixar todos cientes da minha “segunda atividade”, embora não explicitasse o meu desejo de fazer dela a primeira. Não demoraram a surgir oportunidades de demonstrar a vocação, me tornando uma espécie de consultor informal de português e inglês para os colegas e chegando a colaborar com algumas traduções. Foi graças a isso que, quando o meu gerente soube que a da Biblioteca procurava alguém para trabalhar no serviço de tradução, não hesitou em dizer que tinha a pessoa certa para ela. Fecho parênteses.
Como eu dizia, a mudança só me fez bem. Primeiro, porque comecei a trabalhar com mais prazer. Consequentemente, passei a ir para o trabalho com mais ânimo, me relacionar melhor com os novos colegas (embora sempre tenha me dado bem com todos e feito bons amigos na antiga área), ter um desempenho melhor e ser reconhecido pela minha atuação.
A mudança também se refletiu na minha carreira externa. Mais satisfeito, tenho procurado dar novo rumo a ela, tanto na busca quanto na aceitação de trabalho. Tenho concentrado a procura por clientes nas editoras e nas áreas menos técnicas, com as quais me dou melhor, e evitado pegar serviços mais “cabeludos”, com temas que não domino e arquivos com formatação escabrosa.
O curioso é que isso tudo volta a me colocar num dilema. Antes de ir para a Biblioteca, a meta era clara: me firmar como tradutor e deixar a empresa na primeira oportunidade. Agora, sem a angústia de antes, coloquei o plano em “stand-by”. Ainda tenho como ideal poder viver como tradutor propriamente dito, porém não posso negar que estou bem. Embora não seja a minha preferência, estou numa área com a qual tenho bem mais afinidade do que antes, além de ter todas as vantagens de um emprego fixo. Enquanto isso, vou conciliando com o ideal por fora. Se no futuro vou optar pelo ideal ou pela conciliação segura, ainda não sei. Mas pelo menos já não tenho tanta pressa para decidir.
Mais sobre o ProZ

De 21 a 23 de setembro, aconteceu no Rio a IV Conferência Brasileira de Tradutores do ProZ.com. Foi a terceira edição de que participei e, sem dúvida, a melhor. Com excelente organização de Raquel Lucas e Jù Chaad (que se conheceram na edição do ano passado), o evento contou com ótimas e diversificadas palestras, casa cheia e local bastante agradável – o clube Casa de Espanha. Uma grande oportunidade de aprender, rever amigos, estreitar os laços com outros que eu não encontrava havia tempo e fazer novas amizades e contatos. Foi também o meu primeiro evento como profissional da área de tradução em tempo integral, desde que mudei para a Biblioteca da empresa em que trabalho, como contei na última coluna.
Vou falar aqui um pouco sobre as palestras que vi.
Tradutor iniciante: que herói você quer ser? – com Lorena Leandro
Lorena abordou, de maneira lúdica e divertida, as principais características que o tradutor iniciante deve ter para crescer na profissão, como estar sempre disposto a aprender e a colaborar, saber agarrar as oportunidades, ser ágil e estar sempre atento ao mercado, ser flexível e saber marcar presença. Entre as ideias apresentadas por ela, uma em especial me chamou a atenção: a distinção entre inexperiência e amadorismo, ou seja, a noção de que o tradutor iniciante, ou mesmo o aspirante a tradutor, já é um profissional e, portanto, deve agir como tal.
A tradução na tecnologia da informação – Oportunidades e desafios para iniciantes – com Daniel Bonatti
Bonatti falou sobre as características do mercado e as diversas vantagens da tradução de TI como área de especialização, também com foco naqueles que estão iniciando a carreira. Entre essas vantagens, a abrangência do campo; o fato de os trabalhos serem em grande parte destinados à informação e, portanto, muitas vezes descartáveis; a simplicidade dos textos, que possibilita uma produtividade maior; e o crescimento constante do setor, que não se deixou abalar pela crise financeira.
A história de um glossário – com Ivo Korytowski
Famoso por seu riquíssimo glossário no Babylon, Ivo contou como ele surgiu, a partir de simples anotações manuais, até descobrir que era possível compartilhá-lo no site.
Mercado de legendagem: como entrar e ficar – com Fabiana Barúqui
Como recentemente fiz o curso de legendagem e pretendo me lançar na área, fui particularmente interessado no tema. Entre outras questões, Fabiana ressaltou algumas atitudes importantes para o trabalho do legendador, como analisar previamente o material, ter excelente domínio do português, saber pesquisar e ser organizado – que eu creio que valham para os tradutores de qualquer vertente. Achei particularmente interessante a sugestão de incorporar o personagem e divertir-se. Afinal, o trabalho de todo tradutor não é interpretar?
Quem procura acha: técnicas de pesquisa em tradução – com Clarissa Soares
Utilíssima palestra que, sem esquecer os indispensáveis e velhos conhecidos dicionários e especialistas, ensinou vários macetes para refinar as pesquisas naquele que hoje é o melhor amigo de qualquer tradutor: o Google. Você sabia que é possível até pesquisar imagens por predominância de cor?
Da Capa à Contracapa – Uma viagem maravilhosa (mas por vezes assustadora) ao mundo da tradução dos Manuais Técnicos – com João Roque Dias
A palestra de João Roque, importado diretamente de Portugal para a conferência, trouxe um vasto raio-X dos manuais técnicos, sua origem (quase sempre obscura), suas finalidades e as agruras por que passamos para traduzi-los. Destacou a necessidade de entender perfeitamente o tema, conhecer a terminologia técnica, ser preciso e claro na tradução, uma vez que o objetivo primordial do manual é passar a informação ao usuário e promover o bom uso do equipamento. No entanto, as dificuldades nem sempre estão na terminologia, mas na linguagem e no estilo.
A tradução literária: um breve panorama das técnicas e do mercado – com Guilherme Braga
Guilherme discorreu sobre a tradução literária com um viés altamente teórico, enfatizando a preocupação artística com a forma, mesmo que em detrimento da tradução literal. Falou também sobre o mercado editorial, em especial sobre a muitas vezes delicada relação entre tradutor e revisor. Admirou-me a determinação com que Guilherme defende seus pontos de vista e suas escolhas profissionais. Se todos tivéssemos essa atitude, quem sabe nosso estresse não seria um pouquinho menor?
No fim, uma mesa-redonda com Renato Beninatto, João Roque Dias e Xosé Castro discutiu os rumos da tradução e os papéis do mercado e da academia E ficaram no ar aquela sensação de que estamos caminhando para a frente e aquela ansiedade para que chegue logo a edição 2013!
Até Recife!
Novas oportunidades, novos dilemas

Olá!
Na última coluna, falei da expectativa de uma mudança que me daria a oportunidade de me aproximar ainda mais do mundo da tradução, mesmo que não como tradutor em tempo integral. Pois bem: ela se concretizou no dia 30 de julho! Desde então estou no serviço de tradução da biblioteca da empresa em que trabalho.
O trabalho lá não consiste em traduzir propriamente, uma vez que isto é feito por agências externas. A nossa tarefa é captar as solicitações das diversas áreas da empresa, encaminhar para uma dessas agências, receber a tradução pronta, conferir e enviar para o cliente. Digamos que seja basicamente o trabalho de uma agência, com a diferença de que entre nós e o tradutor o pedido passa por outra agência.
E não é pouca coisa, uma vez que diariamente recebemos inúmeros pedidos e traduções prontas para devolver à unidade solicitante. A maioria, versões do português para o inglês, mas também de vários outros idiomas (do árabe ao japonês) e em ambas as direções – às vezes, até para traduzir um mesmo texto para duas línguas diferentes. Isso tudo sem deixar de seguir certos padrões, cumprir os prazos e cuidar da qualidade do serviço prestado. É aí que começa a ficar mais interessante.
Uma das razões por que fui indicado para a vaga foi a minha experiência com tradução. Como cheguei há pouco tempo, as minhas atribuições específicas ainda não foram definidas, mas já tive a oportunidade de revisar algumas traduções. No entanto, isso já me deixou num dilema. Na primeira que me foi pedida, um texto de mais de 20 páginas, que me custou mais de um dia, tentei deixá-lo “limpo”, apontando erros de gramática, digitação, redação, além do famoso “tradutorês”. Apenas para ser instruído depois a corrigir apenas os erros mais crassos, ou só o que fosse “erro mesmo” (para mim, todos eram!), já que é preciso entregar o serviço no prazo e as correções são descontadas no pagamento à agência. Nas revisões seguintes, procurei relevar algumas falhas “menos graves”, não sem uma dorzinha no coração.
Passado esse mês inicial, a expectativa é ver como o trabalho vai se desenvolver e o que será do meu futuro profissional.
Aguardemos!
Estou de volta

Olá!
Estou de volta para contar mais novidades da minha “vida dupla” de tradutor e psicólogo. Duplicidade que está perto do fim, ou pelo menos de uma grande transformação – já, já vocês vão saber por quê.
No momento em que escrevo, faz alguns dias que entreguei mais um livro – já é o meu quarto! Após dois consecutivos para essa mesma editora, houve um hiato de quatro meses. Durante esse período, não deixaram de aparecer trabalhos para clientes menores, e também não deixei de recusar alguns que vi que não valeriam a pena – saber dizer não é uma virtude que todo tradutor deve ter, embora eu admita que ainda tenho minhas dificuldades com isso.
Nesse meio-tempo também foram publicados os meus dois primeiros livros: Noite Especial, de Anne McAllister, e Psicologia, de David Myers (traduzido em parceria com o Daniel Estill)!
Até que, no fim de maio, surgiu um novo pedido: mais um romance semelhante ao primeiro – inclusive no tamanho e no prazo dado pela editora. E novamente entrei no ciclo de dedicação quase exclusiva do tempo ao trabalho.
Dedicação que seria vã sem aquela alentadora sensação de reconhecimento. Um dia depois que entreguei o livro, a editora já tratou de me pedir outro. E foi graças a esse reconhecimento e à relação de confiança que já tenho com o cliente que tomei a liberdade de recusá-lo – não sem explicar que não teria como concluí-lo no tempo solicitado devido a outros compromissos e me pôr à disposição caso precisassem de mim nas próximas semanas.
No momento, estou de férias do trabalho “oficial” e fazendo o curso de legendagem com a Carolina Alfaro na PUC-Rio, buscando abrir mais uma porta para o mercado.
Quando voltar das férias, devo iniciar uma nova jornada que, se não me fizer tradutor em tempo integral, pelo menos vai me aproximar bastante disso e pode dar uma grande guinada nos meus planos (e quiçá até no rumo desta coluna). Após três anos no setor de RH, recebi uma proposta para trabalhar na biblioteca da empresa, mais precisamente no serviço de tradução! Meu próprio gerente, sabendo da necessidade de uma pessoa qualificada na biblioteca e da minha vocação para a área (até já fiz algumas traduções para ele e virei uma espécie de consultor de inglês e português para os colegas), foi quem me indicou. Não irei trabalhar traduzindo diretamente, já que isto é feito por uma empresa contratada, mas ao que tudo indica meu dia a dia será às voltas com essas traduções.
Mais detalhes, a conferir. Aguardem!
Tradutor etc.

Olá!
Ainda se lembram de mim? Após um longo tempo sobrecarregado, estou de volta para narrar mais um capítulo das venturas e desventuras de me dividir entre a emergente carreira de tradutor e o emprego como psicólogo.
Depois de terminar a tradução do livro didático de Psicologia, após quase um ano de trabalho, não demorou a surgir um novo compromisso – e uma nova correria! Em agosto chegou uma proposta de uma editora especializada em romances femininos (pois é!) para bancas de jornal e livrarias. Eu havia sido indicado em janeiro por uma amiga que lá trabalhava e, após um teste e alguns meses de espera, eis que recebo o resultado e a proposta.
Aí já estão ilustradas duas lições que todo futuro tradutor tem de aprender. Primeiro, a importância do famoso networking, não só com profissionais da área, mas com as pessoas em geral. As duas editoras para as quais já traduzi foram frutos de indicações, a segunda delas de uma amiga que não é tradutora e eu nem sabia que estava trabalhando lá.
A segunda lição é a da paciência. Nesse último caso, entre o primeiro contato com a editora e a proposta de trabalho, decorreram cerca de sete meses. Muitas vezes a espera é longa, mas é preciso correr atrás e não desistir.
Então, veio o livro, com quase 250 páginas e um prazo apertadíssimo de um mês, mas com possibilidade de extensão. Não demorou muito para eu ver que isto seria necessário, devido à minha reduzida disponibilidade de tempo. E havia ainda um empecilho à frente: eu iria viajar no fim de setembro, o que não me permitiria esticar o prazo em mais do que uns dez dias.
Ao iniciar a tradução, cometi o erro de fazê-lo de forma desordenada, sem planejamento algum, ao sabor do vento. Até que, após um fim de semana pouco produtivo (é, se aqueles que se dedicam exclusivamente à tradução muitas vezes já precisam trabalhar no fim de semana, os que têm outra atividade profissional não têm escapatória), resolvi fazer as contas e calculei que teria de traduzir cerca de oito páginas por dia para cumprir o prazo.
A partir daí, não havia mais tempo a perder, e começou o corre-corre. Aproveitava até os momentos mais calmos no trabalho para traduzir e perdi algumas horas de sono. Sorte que pude contar com a revisão da minha irmã, que, embora não trabalhe com idiomas, tem perfeito domínio do inglês.
Enfim, na véspera do término do prazo, um dia antes de viajar, passei a noite em claro dando aquela olhada final no texto e dirimindo as últimas dúvidas e, no dia seguinte, fui da cama para o aeroporto.
Antes de viajar, deixei a editora avisada e, dias depois de regressar, recebi uma ligação da gerente editorial – os contatos anteriores haviam sido todos por e-mail – com uma nova proposta. Disse que tinham apreciado o meu trabalho e gostariam de contar comigo para o novo livro, dessa vez para livrarias – o primeiro havia sido para bancas. Também tive mais liberdade para solicitar um prazo um pouco mais extenso, já que o livro também é maior. Logo de cara calculei uma meta mais cômoda – cinco páginas por dia – e estou conseguindo até encaixar eventuais serviços menores.
Vejamos o que acontecerá depois de 15 de janeiro.
Heitor M. Corrêa
heitor.correa@ymail.com