O que aprendi com meus gatos sobre relacionamentos profissionais

Se pararmos para prestar atenção à nossa volta, veremos que podemos aprender muitas coisas com a simples observação. Foi assim que aprendi um pouco mais sobre relacionamentos profissionais com meus gatos.
Já tínhamos o Eliot há um ano. Ele foi encontrado na rua por uma conhecida nossa e o adotamos. Logo ele ficou muito apegado a mim e ao meu marido; nunca vi um felino ser tão carinhoso. Mas esse apego todo resultou em manha, e estávamos perdendo nossas noites de sono por ele querer chamar constantemente nossa atenção. Então decidimos pegar uma gatinha para fazer companhia a ele. Foi assim que a família aumentou com a chegada da Shirley.
Imaginem a adaptação. Eliot, veterano, lutando para demarcar seu terreno. Shirley, novata, lutando para ganhar espaço. A novatinha sofreu nos primeiros dias: levou patadas, “mostradas” de dente e passou boa parte do tempo embaixo da cama. O vetereno não relaxava: montou guarda e ficou de olho em todos os movimentos da concorrência.
Os dias foram passando e a aproximação, acontecendo. A Shirley mostrou ao Eliot que estava disposta a respeitar o espaço que ele já tinha conquistado. Ele acabou por ser um anfitrião acolhedor, ensinando até alguns atalhos para conseguir comida mas fácil.
Hoje, a Shirley está em pé de igualdade com o Eliot. Já mostrou bem sua personalidade e até ensinou novas brincadeiras para ele. O Eliot está despreocupado e vê na Shirley uma companheira para todas as horas. Há espaço para todos, afinal.
Errando e aprendendo
Enquanto não volto com o texto sobre as CAT tools, o qual sei que muitos estão aguardando, leiam sem falta o excelente texto publicado hoje no blog do colega Petê Rissatti: “Errando e aprendendo”.
Texto simples que diz muito! Quem sabe depois a gente não bate um papo aqui também sobre erros e acertos?
Boa semana 🙂
Mês do Tradutor: O que podemos aprender com São Jerônimo?
No dia 30 de setembro comemora-se o Dia do Tradutor. Como singela homenagem aos colegas tradutores e visitantes do blog, falo um pouco sobre nosso padroeiro, São Jerônimo. Espero que possamos nos inspirar com seu exemplo e nos espelhar neste homem que dedicou a vida à árdua tarefa de traduzir os textos sagrados e, assim, a diminuir barreiras entre os povos.
O que podemos aprender com a vida e a obra de São Jerônimo:
Nunca parar de estudar e sempre aprender com os mais experientes
Em Roma, São Jerônimo dedicou-se a estudar gramática, retórica e filosofia. Formou uma grande biblioteca particular por conta de seu amor pelos clássicos, copiando à mão as obras que não podia adquirir. Também fez uma jornada de estudos, passando pela Gália, por Treveris, pela Grécia e por algumas cidades do Oriente Médio. Mais tarde, com 30 anos, dirigiu-se a Constantinopla para aprender com São Gregório Nanzianzeno, considerado “O Teólogo” por sua erudição.
→ Ninguém consegue se aperfeiçoar profissionalmente sem se dedicar aos estudos. Na tradução, eles envolvem muitas leituras, pesquisas e o constante aprimoramento dos conhecimentos previamente adquiridos. Podemos, ainda, nos mirar nos exemplos e experiências de outros profissionais. Basta que tenhamos a vontade e a humildade para ouvi-los e aprender com eles. É importante ter em mente que não importa os anos de experiência acumulados: há sempre mais que podemos aprender.
Solidão, sacrifício e recompensa
No Oriente Médio, São Jerônimo viveu alguns anos isolado e aproveitou para aprender a língua hebraica, tendo como professor um judeu convertido. “As fadigas que isto me causou e os esforços que me custaram, só Deus sabe. Quantas vezes desanimei e quantas voltei atrás e tornei a começar pelo desejo de saber; sei-o eu que passei por isso, e sabem-no também os que viviam na minha companhia. Agora dou graças ao Senhor, pois que colho os saborosos frutos das raízes amargas dos estudos”.
→ Por mais que amemos nossa ocupação, ela não é feita apenas de bons momentos. Para colher as recompensas é preciso sacrificar-se no plantio. Perseverança, sacrifício, trabalho suado fazem parte do processo. E, em especial, a solidão tão característica do trabalho do tradutor. Por mais que hoje essa solidão tenha sido atenuada pela internet e pelo contato muito mais direto com nossos pares e clientes, o trabalho de traduzir em si envolve somente o tradutor e o texto. É uma solidão por vezes boa, por vezes assustadora: daí a luta em saber lidar com ela também.
Com a experiência profissional e pessoal, ajudar aos outros
Diz um dos textos em relação a São Jerônimo: “Todos acorriam a ele, e cada qual procurava ganhar-lhe a vontade: uns louvavam sua santidade, outros a doutrina, outros sua doçura e trato suave e benigno, e finalmente todos tinham postos os olhos nele como em um espelho de toda virtude, de penitência, e oráculo de sabedoria”.
→ Saber aproveitar a própria bagagem para ajudar a formar a bagagem de outros é, muitas vezes, caminho natural para alguns profissionais. É bonito que seja feito sem falsa modéstia, sem arrogância e com uma satisfação verdadeira e honesta em instruir quem pede ajuda. Além disso, guardar o conhecimento para si parece tornar esse mesmo conhecimento inexistente.
O amor pelo que fazemos eleva nosso empenho ao máximo
Mesmo doente e muito debilitado (e por isso ditava suas obras em vez de escrevê-las), a produção de São Jerônimo era espantosa. “Em três dias, traduziu ele os livros de Salomão, e num só verteu para o latim o livro de Tobias que estava em caldaico. Em 15 dias ditou os comentários sobre São Mateus. Ao mesmo tempo escrevia apologias do Cristianismo contra os erros dos hereges do tempo, e refutação meticulosa de suas doutrinas”.
→ Não é o amor, unicamente, que move e torna bem-sucedido um profissional, mas é ele o responsável por grande parte de seu sucesso. É algo dentro de nós que nos impulsiona e encoraja, indo muito além dos estudos e leituras aos quais nos dedicamos durante a vida. É no amor pelo que fazemos que encontramos sentido no que fazemos.
A consciência de que, de certa maneira, o tradutor recria o texto original
Nas palavras de São Jerônimo: “Obrigas-me fazer de uma Obra antiga uma nova… da parte de quem deve por todos ser julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido. Qual, de fato, o douto e mesmo o indouto que, desde que tiver nas mãos um exemplar, depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros?”
→ Muitos consideram essa a prova de que as traduções da Bíblia feitas por São Jerônimo são traduções corrompidas. Porém, analisando como profissionais da tradução, parece claro que ele se refere às dificuldades de sua tarefa tradutória e tudo o que elas implicam.
O tradutor precisa ser muito mais que simples tradutor
“De cultura enciclopédica, foi escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor como ninguém, nas Sagradas Escrituras.”
→ O que é o trabalho do tradutor sem conhecimento, sem leitura, sem dedicação aos assuntos objetos de suas traduções? É devotamento para uma vida toda, como bem mostra o belo exemplo de nosso padroeiro.
Fontes: http://www.lepanto.com.br/dados/HagJer.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Jer%C3%B3nimo_de_Str%C3%ADdon http://www.franciscanos.org.br/carisma/artigos/saojeronimo.php