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Alimente a pulga atrás de sua orelha

Semanas atrás, lendo o Tradução e Adaptação, do Lauro Maia Amorim, senti necessidade de achar visões diferentes das teorias e autores por ele apresentados no livro. Ainda não consegui avançar muito na leitura e como estou retomando aos poucos os estudos de teoria da tradução e assuntos correlatos, estou tendo certas dificuldades em achar teóricos e textos para fazer análises comparativas.

Mas não é que no auge da minha frustração, a Denise Bottman publica esse curtíssimo mas significativo post? Pois é, o texto do Paulo Henriques Britto caiu do céu! Nele pude encontrar algumas das referências que eu precisava para dar um impulso nos meus estudos, sendo o próprio Britto uma delas.

Lembro que na época em que eu era universitária fazia alguns estudos comparativos por instinto. Ou seja, o professor dava um texto, uma pulga nascia atrás da orelha e eu ia atrás de outros que pudessem conter teorias ou opiniões diferentes. Nada de muito criterioso, embora às vezes eu achasse ótimos materiais, como esse aqui e esse aqui (que deu origem ao primeiro), por exemplo, sobre as teorias sociolingüísticas de Marcos Bagno. Porém, não lembro de haver um grande incentivo em fazer essas análises comparativas, já que os professores costumavam nos apresentar as teorias como se elas fossem ponto pacífico, quando na verdade existiam outros autores que impugnavam essas mesmas teorias (e, muitas vezes, as desmantelavam!).

Para quem está na universidade, espero que toda vez que um professor apresente uma teoria ou um autor mas deixe de apresentar um contraponto uma pulga nasça atrás de sua orelha. Pesquise, procure saber o que falam outros autores, mesmo que, ao final, confirmem o que diz o autor indicado por seu professor. Além de você se aprofundar muito mais nos assuntos discutidos em sala, criará um senso crítico que lhe permita não apenas repetir o que está sendo falado pela maioria, mas argumentar com propriedade e clareza a favor ou contra os pontos levantados nessas discussões. E esse senso crítico, não aquele que todo mundo pensa ter,  mas a verdadeira faculdade de julgar com base em fatos e não factóides, levamos conosco para muito além dos muros da universidade. Levamos para a vida.


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